Como num limbo vivi todos esses anos
Completar esse quebra-cabeça barato
De personalidade, sentimento, destino.
Passatempo ingrato
Mas no fundo minha alma já sabia
Antes de tua passagem, te previa, te esperava.
Quando elas se cruzaram, a tua alma e a
minha,
A indiferença das circunstâncias cegou a
minha
Deixando a tua sob vigilância,
sentinelando, à espreita.
Mas o tempo que nunca gostou de brincar
Encarregou-se de nos desencontrar
E por muitos anos minha alma, que sentiu a
tua, mesmo que cegamente,
Buscou-te de todas as formas
Com uma saudade inexplicável
Um carinho talvez saliente
Uma fresta de 'quem dera'
De repente ao acordar desse sonho intenso
e atrevido
Percebo explicitamente que minha alma
saltitante
Feliz da vida grita exultante em minhas
entranhas efervescentes
"Finalmente nos
encontramos"...
E me derreto em devaneios nada inocentes
E suposições apetitosas e desajustadas
Teria o destino um vácuo?
Ou o cosmos errado o caminho?
Sim, minha alma já sabia.
Aguardava ansiosa e calada pelo fim da
injusta espera
Atou-me a ti num sonho de uma noite
inteira
Trazendo-me à luz entregou-me a tal peça
Acabou-se o mistério, a figura se revela.
E surpresa me dou conta:
Agora faz todo o sentido
Tu és meu e eu sou tua
E provavelmente este foi nosso único
encontro
Apenas para me imprimir na lembrança
Teu sussurro ao meu ouvido
“Você me ama! Eu sempre soube!”
Nem a frieza da realidade ao acordar
Levará de mim essa dádiva reveladora...
As almas sempre sabem.