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Fiz escolhas precipitadas e erradas, levei minha vida
para a beira do precipício. E o Grande Pai me deu um motivo para não desistir
da caminhada, que seria dura, escura, triste, sombria, perigosa, cruel e pesada.
Uma dádiva para que nem a culpa, nem o arrependimento, nem frustrações ou
desafios cotidianos desviassem minha atenção do meu novo principal objetivo. Mais
que conseguir atravessar o grande despenhadeiro, agora também teria que levar
uma joia nas mãos, sem deixa-la cair ou sofrer qualquer dano. A cada passo dado
comemoro a vitória de não tê-la danificado, uma vez que manter-me em pé no
caminho já não é tão fácil. Ao meu redor vejo inúmeras pessoas com a mesma
missão. Muitas já jogaram sua joia fora, ou pelo excesso de cuidado consigo
mesmas deixaram-nas cair, ou estão quebradinhas, ou sujas, ou foram deixadas
pelo caminho. É muito difícil enfrentar o caminho, no pior trajeto escolhido,
cada passo com suas batalhas, um inimigo muito forte me fazendo tropeçar, me
instando a desistir, meu corpo e espírito cansados, querendo me jogar no
precipício. Então me lembro da joia do Pai. Tanto tempo levando em minhas mãos
que a considero minha. Amo essa joia. Cuido dela, vou polindo uma sujeirinha
aqui e outra ali, às vezes fica mais exposta, às vezes consigo guardar; só não
posso me dar ao luxo de fraquejar ou desistir da caminhada, já que tenho que
entregar minha joia nas mãos do Pai. Ele me anima, me alimenta, me fortalece,
derrota o inimigo por mim, é um Paizão.
Só que agora, minha joia quer fazer seu próprio caminho.
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