sábado, 11 de fevereiro de 2023

Em construção

 Porquê temos tanta dificuldade em admitir que erramos? Para quê serve todo esse orgulho? Talvez porque seja difícil fazer as pazes com o nosso ego, que se ofende demais quando é contrariado por fatos que comprovam nossa estupidez. Talvez porque a dor da verdade, agora despida pela face cruel da realidade, seja quase insuportável. E o medo que se instala, nos prendendo frente à essa cena de horror e sussurrando em nossos ouvidos: errou feio, vai errar de novo. Já vi muitas pessoas com dificuldade de admitir erros, que batem no peito dizendo que não se arrependem de nada nessa vida, que não têm do que se envergonhar. Eu não as invejo só porque pra mim é inversamente proporcional, por assim dizer. Coleciono erros, não gosto deles, mas não finjo que eles não existem; meu arsenal de arrependimentos é letal, podem destruir uma ou mais vidas em segundos. Mas aprendi a crescer e me fortalecer com eles: erros, arrependimentos, infinitas vergonhas. Para não adquirir mais. O estoque está cheio, mas sempre cabe mais. Enquanto ser humano vivo, condição favorável e excelente para continuar errando, se arrependendo e se envergonhando; existe a oportunidade de dar passos certos, de fazer diferente, de voltar atrás, de deixar de lado o orgulho e admitir que nunca se sabe tudo, que pessoas não são transparentes, que situações se camuflam, que sentimentos cegam, que às vezes os mais experientes acertam... Enfim: a reflexão é válida. Na minha humilde visão, somos todos errados até que se prove o contrário. E eu realmente não desejo tanto assim estar certa ou ser a portadora de razão. Prefiro ter paz, seja como for. Nem sempre acerto, às vezes faço besteira e me arrependo, às vezes as duas coisas juntas me fazem sentir vergonha de existir. Mas sou de verdade. Um ser humano em construção. 


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