sexta-feira, 22 de março de 2024

Apenas contra o inimigo.

 Quanto mal um ser humano é capaz de carregar em si?

Estive pensando sobre isso, numa ocasião em que recebi gratuitamente uma enxurrada de maledicência, cruéis palavras, muitas mentirosas, outras abrindo e reforçando feridas que muito custaram para cicatrizar... O que mais me chamou a atenção foi notar certo padrão nesses rompantes ataques direcionados a mim. Seria este: em primeiro lugar, parte sempre de pessoas muito amadas por mim, pessoas que recebem de mim o máximo do meu amor, do meu compromisso, da minha devoção, dos meus esforços, da minha gratidão, do melhor de mim. Depois, sempre nos momentos em que, ou estou precisando muito de amparo e apoio emocional, ou estou bem demais a ponto de me surpreender negativamente com tal explosão.

Ora, você pode analisar comigo e pensar:  "Que nada! Exagero seu! Quanto drama! Todos têm direito de discordar ou de dizer o que pensam." E sim, você estaria com a razão, não fosse a parte citada em que a pessoa desfere golpes sucessivos à feridas em processo de cicatrização quase finalizados. Traumas que quase custaram a minha vida, em algum momento custaram minha lucidez e comprometeram meu bem estar. É aquele antigo dizer popular: pisar no calo na prática. Quem pisa sabe que o calo existe e sabe que vai doer, que vai deixar de ser apenas um calo (já dói e incomoda) e vai se tornar uma ferida maior. É muito cruel. É maquiavélico.

Parte dessa teoria particular consiste em receber inesperadamente o conforto vindo de alguém desconhecido e que jamais voltarei a ver, com palavras suavizadoras e acolhedoras, demonstrando uma sensibilidade ímpar e impactante, a ponto de me acalmar e consolar. Não é toda a vez, mas já aconteceu muito, por isso faz parte do meu estudo.

Então me deparo com meu delírio conspiratório, classificando como agentes causadores Deus e o demônio. O malvado ser quando me percebe confortável emocionalmente, portando paz de espírito, força interior, a tríade: foco/força/fé; incomoda-se. E sabe que se usar outros caminhos não me atinge. Então, usa por possessão pessoas a quem estimo em momentos que estou "desarmada". E consegue me atingir. Então vem Deus, que tudo sabe/vê/pode e usa alguém desconhecido para me confortar e tira do meu alcance, para que não se torne conhecido e então seja o próximo agente de Satã a me bombardear; também por saber que se usasse um conhecido, de tão ferida, não chegaria nem perto.

Deveria então eu tomar providências cabíveis e não ter mais afeto por ninguém? Adotar medidas restritivas e me isolar emocionalmente afim de não receber mais tanta maldade pronunciada? Penso que talvez devesse. Mas não consigo, fui construída a partir de uma matéria prima divina, onde o mais importante nessa guerra é de que lado EU estou e por quais ideais eu luto, com que armas me defendo. Ainda preciso permanecer lutando, a guerra só termina quando eu ou o inimigo morrer. Até então, sigo nesse formato, armada até os dentes em guarda, mas apenas ataco o inimigo. Os apreciados, se estiverem em lados opostos, vão continuar me atacando e me atingindo. Mas não me rendo nem desisto da vitória. Cada um preste contas de seus atos a Deus no dia final. Minhas armas serão usadas apenas contra o inimigo. 



sexta-feira, 8 de março de 2024

Novo mandamento? #sextoujovemiasdvant

 O mundo hoje é uma mistura estranha de ceticismo, descrença, indiferença espiritual, dureza de coração, fanatismo apaixonado, extremismo e terrorismo. Parece não haver equilíbrio no reino humano. O “ tudo posso” tornou-se combustível para o “nada temo”, sem regras ou roteiros, apenas o desejo próprio, o “ quero=posso”.

Princípios flutuam como temperos desidratados nesse sopão moral, até que alguém se interesse e mexa tudo. Neste contexto, estamos aqui para - como Sal – salientar a verdadeira importância desses princípios (ou mandamentos) tão ignorados e/ou refutados por essa geração insana e insossa. E é entendendo o real sentido do que nos disse Deus sobre os Seus mandamentos que saberemos como temperar de fato essa panela ardente chamada Terra. Afinal, novo mandamento?

Arte: @matheus_beotto_


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Impacto inevitável?

Como agir quando seu vôo passa por turbulência inesperada e o seu piloto é suicida?  Ignoro o desespero. Enquanto meu ser é sacudido por fortes e truculentos solavancos, distraio meus sentidos me envolvendo em consolar e acalmar a tripulação ao redor, como se realmente pudesse salvar alguém. Observo tudo ser violentamente afetado, além de mim mesma, oro com fé pela esperança de algo milagroso e sobrenatural mudar o destino cruel que nos aguarda, inclusive pelo piloto, enquanto aguardo o chão chegar, pois eis a única certeza: o chão chegará. 



segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Cruel criatura...

 Talvez o maior problema da decepção seja a sua incapacidade de matar o amor.

A gente se decepciona e continua amando, como uma tortura, à semelhança de uma goteira que não cessa, inicialmente imperceptível, mas pouco a pouco insuportável até se tornar letal.

E o amor parece fazer parte da terrível conspiração, pois ainda que fraco, ferido, magoado, se arrasta até a esperança e unidos vão sobrevivendo de migalhas, aguardando um arrependimento repentino ou um pedido de perdão glamouroso, ou até uma mudança brusca de comportamento da parte ofensiva.

Enquanto isso, do lado de fora, esboçando sorrisos superficiais para manter as aparências, vamos criando mais um ninho de espectativas famintas e ávidas por seu precioso alimento:  decepções.

Círculo vicioso, terrível e implacável. A pergunta é: PORQUÊ PERMITIMOS? 

Não permitimos. A realidade é que a maioria de nós já nasce infectado pela fé inocente no ser humano, a mais cruel das criaturas.


quarta-feira, 20 de setembro de 2023

"Arrependei-vos"!

 Assunto que incomoda é mexer com nossos arrependimentos.

Há quem diga que não tem nada do que se envergonhar na vida, uma vez que houve aprendizado, foi útil.

Do meu ponto de vista merda só serve para sujar, feder e mostrar que dentro de nós existe muito lixo inútil. Assim considero as peripécias que aprontamos pela vida, tendo como bônus esse sentimento horrível que mistura vergonha, raiva, auto-crítica e medo.

Se há algo útil numa coisa com esse composto é servir de sinalização para o desastre. Arrependimento é útil e bom quando usado para recomeço, auto-perdão, fortalecimento da esperança e certeza de que existe alternativa.

Não tem gosto bom. É  realmente preferível não precisar se arrepender. Mas, se houver tropeços, principalmente por teimosia ou desvio de conduta, que nos seja permitido o arrependimento. 

Não, ele não mata! Mas tem um gosto não muito agradável e pode levar anos para se decompor e enfim libertar.

O Papai do céu ama ainda mais a cria arrependida. Não são raros os textos referindo arrependimento. E ele diz: "Arrependei-vos"...

Pense nisso, pode ser transformador!


quarta-feira, 14 de junho de 2023

Enjoy!



não aceite...

nada que te incomode

venha de onde vier

se te incomoda

é porque não deveria existir

seja como for

onde for

quem for

se incomoda é sinal que está em desacordo com você

então porquê deixar pra lá?

fingir que está tudo bem?

fazer sala pra sofrimento?

se permita indignar

indagar

questionar

antes de agonizar e sufocar em mágoas

antes de ser irreversível

irreparável

se toque

se goste

se mime

se admire

se ame

se permita 

dê licença para si mesmo

e passe

desfile

destile

tire os olhos do chão

ganhe altura

desfrute a vista panorâmica

o horizonte é lindo

sacuda a poeira

arqueie as asas

sinta o vento no rosto

o cheiro peculiar da liberdade

o brilho dourado da glória

e nem precisa olhar para trás

cair na tentação de querer voltar

a viver como galinha 

se alimentando de sobras e piedade

servindo a sociedade com os frutos do seu máximo esforço e dor

doando até mesmo sua carne 

é pra cima que se voa

você pode ir alto

muito mais que imagina

e quando suas asas cansarem até mesmo de planar 

pouse em um pico

alto o suficiente para a contemplação do todo

e pequeno o bastante para ser apenas seu

e firme residência

acostume-se com o prazer

de ser exclusivo

admirado

até mesmo temido

mantenha os olhos no horizonte

baixe a cabeça apenas quando precisar se alimentar

Enjoy!


domingo, 23 de abril de 2023

Oásis

 Fui abordada recentemente com a fala: "Não converso com você porque só me faz mal. Tudo o que envolve a sua pessoa me traz sentimentos ruins, não há motivo bom para eu me aproximar de qualquer coisa que me lembre você."

Isso me fez pensar muito em quem tenho sido para as pessoas com quem cruzo ao longo da vida. Por mais que me esforce para fazer o que é certo, ser uma boa pessoa, transmitir amor divino ao semelhante, obviamente neste caso falhei terrivelmente. 

Não há o que justificar. Ainda que a pessoa dona de tal discurso seja um exemplo de mal caráter e índole podre inquestionáveis, e que o contexto da conversa não fosse o relacionamento que não temos; o que fica é a taxa de ser uma marca ruim com sabor amargo para alguém.

Aprendi que não devo falar de mim na terceira pessoa, ou usar o 'nós' em situações exclusivas a mim.

Mas tendenciosamente retruco que a humanidade é falha em relacionar-se. Acabamos por usar os fins pra justificar os meios. A pessoa que proferiu as palavras amargas não vai ter de mim nada mais do que já tem, aliás, agora ainda menos. 

Mas confesso estar incomodada com essa versão de mim. A despeito de ser um ser despresível, eu não desejo ser essa figura para ninguém. Me incomoda a minha imagem. Sou responsável pelo que eu transmito. Embora talvez não seja bem assim, pois cada um tem de mim aquilo que cultiva, parafraseando Chaplin.

Só quero me certificar de ser verdadeira, sólida e consistente, nesse mundão de Deus, onde quase sempre, o que se vê é apenas miragem. 

Quero ser oásis. 

E. C. L.



sexta-feira, 21 de abril de 2023

Repúdio

 Aqui com meus botões, pensando na superficialidade da raça humana na atualidade... Como as pessoas estão fingidas, caricatas, rasas. Cogitei a princípio ser o medo das desilusões próprias de relacionamentos o motivador para tamanha indiferença e antipatia. Mas desconsiderei. Noto que a covardia é um agente desencadeante. Sim, covardia. Uma preguiça de fazer o que é certo apenas por ser o certo a fazer, se instalou com sucesso e lança a tendência ludibriante do individualismo exacerbado, onde a própria vontade é a única lei. 

Diante do colapso sentimental que enfrentamos nesta geração vacinal, o caos previsto vem acompanhado de ódio, intolerância, descaso, dissimulação, frieza e o que mais desprezível houver para ser adicionado ao bolo. 

Registre-se minha indignação e repúdio a todo esse desamor travestido.

Aos que restamos com sentimentos puros e verdadeiros, nos resta cultivar nossas sementes, já que lança-las hoje é um grande desperdício.

Quiçá haverá ainda corações férteis, ávidos por nossas mudinhas. 

E. C. L.



sábado, 11 de fevereiro de 2023

Em construção

 Porquê temos tanta dificuldade em admitir que erramos? Para quê serve todo esse orgulho? Talvez porque seja difícil fazer as pazes com o nosso ego, que se ofende demais quando é contrariado por fatos que comprovam nossa estupidez. Talvez porque a dor da verdade, agora despida pela face cruel da realidade, seja quase insuportável. E o medo que se instala, nos prendendo frente à essa cena de horror e sussurrando em nossos ouvidos: errou feio, vai errar de novo. Já vi muitas pessoas com dificuldade de admitir erros, que batem no peito dizendo que não se arrependem de nada nessa vida, que não têm do que se envergonhar. Eu não as invejo só porque pra mim é inversamente proporcional, por assim dizer. Coleciono erros, não gosto deles, mas não finjo que eles não existem; meu arsenal de arrependimentos é letal, podem destruir uma ou mais vidas em segundos. Mas aprendi a crescer e me fortalecer com eles: erros, arrependimentos, infinitas vergonhas. Para não adquirir mais. O estoque está cheio, mas sempre cabe mais. Enquanto ser humano vivo, condição favorável e excelente para continuar errando, se arrependendo e se envergonhando; existe a oportunidade de dar passos certos, de fazer diferente, de voltar atrás, de deixar de lado o orgulho e admitir que nunca se sabe tudo, que pessoas não são transparentes, que situações se camuflam, que sentimentos cegam, que às vezes os mais experientes acertam... Enfim: a reflexão é válida. Na minha humilde visão, somos todos errados até que se prove o contrário. E eu realmente não desejo tanto assim estar certa ou ser a portadora de razão. Prefiro ter paz, seja como for. Nem sempre acerto, às vezes faço besteira e me arrependo, às vezes as duas coisas juntas me fazem sentir vergonha de existir. Mas sou de verdade. Um ser humano em construção. 


domingo, 29 de janeiro de 2023

Título: Sem título...

Às vezes fico meditando sobre o ser humano e suas capacidades de auto-destruição. Eventualmente você já conheceu alguém que a princípio não lhe despertou nada além de desprezo. Ao longo do tempo acabou interagindo de alguma forma e/ou convivendo com esse alguém que te fez repensar e passar a admirar suas características, personalidade, comportamentos, etcetera; inclusive você um dia chegou a se punir mentalmente por não ter virado fã incondicional ao primeiro contato, tamanha admiração que se formou então. Mas, o tempo não pára, e as emoções e sentimentos vão se aprofundando, os laços se estreitando, chegam as espectativas e com elas as frustrações e decepções. E aquele ser que do nada virou ídolo acaba, por si só, destruindo a própria imagem, admiração e estima que conquistou tão astutamente. Isso não é raro, só comigo aconteceu mais do que eu acho que deveria. 
Enfim, pensar sobre isso me faz refletir sobre dois pontos:  
Primeiro:- a pessoa que te decepciona, ainda que saiba disso, mais de 99% das vezes segue vivendo plena e feliz, sem alterações significativas em sua vida, rotina, cotidiano, quanto menos sentimentos. Sofre você, que muitas vezes perde a paz, o sono, não raro muda de endereço, de comportamento, de emprego, adquire uma comorbidade comprometendo sua saúde, uma depressão/ansiedade, ou seja, sofre sequelas e consequências que vão fazer parte de você, ainda que em pequena escala, para sempre. Terrível, mas real. Nos cabe tomar o antídoto, que não é, apesar de parecer óbvio, deixar de se envolver. Mas blindar-se contra as espectativas. Não esperar NADA de ninguém. Difícil, mas necessário.
Segundo:- vendo esses seres desnutridos de luz viverem suas belas vidas de aparências, sobretudo nessa era maluca de redes sociais, comemorando cada centavo como se fosse milhão, cada passo como se fosse maratona, cada vírgula como texto, brindando uma vida fake que só você, ou você e bem poucos mais, sabem que é pura bolha de gás; me ponho a pensar: será que eles sabem que são a referência de tudo o que é ruim, degradante, nojento, mentiroso, desleal, cruel e desprezível? Será que dormem bem com a ciência de serem o ponto negro na paisagem de alguém? Será que algum dia sofreram ou sofrerão as consequências de terem sido agentes do mal destruidores como gafanhotos em folhas frescas nos sentimentos de algum inocente? Minha indecente humanidade espera que sim. Que não tenham sossêgo até que bebam o próprio veneno. Merecem viver toda essa mentira, porque no fim das contas, quando as luzes se apagam, quando a câmera desliga, quando o offline os assombra, são obrigados a conviver com o buraco negro de suas almas vazias, fúteis e solitárias. A isso podemos chamar de justiça? Não sei. Prefiro deixar sem título.


domingo, 25 de setembro de 2022

Renomear

 Tenho pensado muito sobre a expressão correta do amor. Temos a referência para comparação. Deus, o próprio Amor, fez questão de nos deixar a fórmula escrita em Sua santa palavra, a Bíblia. Expressar amor, segundo Ele, é se entregar por alguém, se isso for salva-lo. É obedecer aos "seus mandamentos" para fazê-lo feliz, é devolver a parte que lhe corresponde em agradecimento ao bem que se recebe. É fidelidade. É cuidado. É gratidão. É renúncia. É obediência. É reconhecimento. É promover o bem. É providenciar o que for necessário. Amor não é sentimentalismo, não se trata do que se recebe, mas do que se dá. Deus diz: "Se me amardes, guardarei os meus mandamentos". Diz também: "Aquele que não ama, não conhece a Deus, pois Deus é amor". Ou: "Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê". "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". 

A Bíblia está repleta de amor, de como encontrar, de como viver o amor, explica o que é amor, como ele se expressa. O que é amor de verdade reflete a imagem de Deus, porque Deus é amor. Como criaturas do ser Amor, somos feitos para o amor. Quando não vivemos o amor, estamos indo contra a natureza humana, que necessita do amor para viver. Toda a expressão de amor se parece com Deus. Ele nos criou por amor, morreu por nós por amor, nos mantém por amor e nos buscará por amor. "O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;  tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba"; portanto, tudo o que se expressa contrário a tais definições nem são amor, nem procedem de Deus. Seja impaciência, maldade, ciúme,  vangloria, orgulho, inconveniência, egoísmo, fúria, vitimismo, injustiça, mentira; o amor não é melindroso, não desconfia, não se desespera, não se abala. Essa é a definição do amor. Se falta ou sobra alguma característica, não é amor. Pode até haver a boa intenção, mas não é amor. Mesmo sendo o ser humano imperfeito, o que pode surgir como "justificativa" para a desconstrução do verdadeiro amor, Deus supre em nós as lacunas do imperfeito e transforma a boa intenção em amor prático, verdadeiro. Mas para que o milagre aconteça, a vontade tem que ser submetida a Ele.

Penso então que, ou precisamos submeter nossas boas intenções para gerar amor, ou renomear as tais intenções.



sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Pintinhos de granja

 Quem já teve um filhotinho de galinha de granja, sabe como é... O humano tem que cuidar para não pisar em cima do pequenino, já que ele fica insistentemente em volta dos pés do dono. É fofinho!

Apenas neste caso. Ninguém deveria medingar atenção. Ninguém. É objeto de meu absoluto asco, humanos que se portam frios, indiferentes, "imunes" aos reclamos emocionais de outrem. 

Quando se trata de filhotes, ah queridos... É revoltante. Como pode alguém, por mais duro de coração que pretenda parecer, não se desmanchar em afeto aos encantos de um bebê? Que frieza polar é esta que faz pessoas se quer darem de ombros a pequenos pacotinhos de amor, clamando por atenção?

E a crosta purulenta só fica pior. Note: pais, progenitores, doadores de material genético, por assim dizer, têm sido protagonistas de tamanha crueldade, transformando esses pequenos seres carentes de afeto paternal, em pintinhos de granja, pois passam, as vezes, uma vida, em volta deles, requerendo uma migalha de atenção.

Não entrarei no mérito das consequências desastrosas para essas crianças, que quando tem muita sorte, tem pelo menos uma mãe dedicada, ou outros entes que lhes nutrem de amor. 

Aos ditos "pais", apenas um lembrete de um Filho muito amado:

 - "O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes". Mateus 25:40

domingo, 26 de junho de 2022

Violência

 Uma pessoa violentada permanece ferida até a morte, não importa quanto tempo leve de um fato a outro. O que ocorre nesse meio tempo é sobrevivência à dor mais terrível na alma, superação do desejo pela morte, indignação pela covardia, ódio pelas sequelas, incompreensão e julgamento social, rotulagem, entre outras maldades. Violência é tão brutal e malvada que faz a vítima parecer culpada, há quem defenda justificativas, inclusive. Violência mental, violência emocional, cultural, espiritual, estrutural, sexual, física, verbal... São tantos tipos, parece uma fila de dominós esperando cair o primeiro para que os outros sigam caindo e derrubando os outros sucessivamente. Não, a vítima violentada, violada, nunca tem culpa ou mérito. A violência é tão horrível que nem se auto define. Nunca foi permitido, não houve concessões, violência não conhece respeito ou limites. Ignora tudo o que a deteria. É, talvez, o pior aspecto do mal. Cruel por si só, devastadora, escravizadora, assassina. A violência é tão malvada que pode se camuflar, se esconder, levando inúmeras vítimas a se culparem, se amedrontarem e se calarem. Que horror.


domingo, 15 de maio de 2022

Menos mal

 De frente para a caricatura de parte de mim, firmo o presente compromisso de desatar o laço da máscara que insisto em usar e que justifica o sorriso insolente e dissimulado, aprovado socialmente ao tapar a parte obscura que me envergonha . Mundo indiferente é mundo veloz, racional. Diferente do meio eu instalado romanticamente por uma flecha de cupido. Ser é infinitamente mais trabalhoso do que parecer e ainda assim é dispendioso. Ao fincar os pés no vácuo onde minha dor existe e é a base que me sustenta, sinto a iminente necessidade de me permitir o sofrer sem vitimismo, a dor silenciosa, o chorar sem apelo. Sofrer não é romântico nem deve promover excessos. E todos têm seus males, o que não faz distinção classial, racial ou qualquer al... Abaixo a idéia de super heróis que se fortalecem na dor. Isso não é resiliência, é estupidez. A dor real, se não mata, deixa sequelas. Não existe beleza em resistir bravamente ao sofrimento. É apenas sobrevivência. Bonito mesmo é o movimento de evitar, contornar, se esquivar da dor. Quanto menos mal, melhor.



terça-feira, 15 de março de 2022

Normas...




• Acorde cedo (8h de sono);
• Alimente-se bem;
• Faça o devocional;
• Cumpra compromissos;
• Exercite-se;
• Promova o bem estar onde estiver;
• Seja cordial e sensível;
• Mantenha a aparência agradável com asseio, higiene e roupas alinhadas;
• Cuide da higiene e saúde bucal;
• Evite o uso de linguagem vulgar, bem como de piadas e zombaria exagerados;
• Existe o momento certo para tudo. Busque-o sempre;
• Existe um meio termo para cada situação chamado equilíbrio, fica fora dos extremos
‘tudo ou nada’. Obtê-lo é o resultado de muita disciplina;
• Deus ama todas as pessoas, ama você, ama quem você ama, ama quem você odeia e
sente ciúmes de todos. Lembre-se disso antes de agir contra alguém;
• Todo o ser humano tem dois olhos. As mães têm quatro (+os de deus). Você pode
escapar dos dela, mas dos dele você não escapa;
• Deus não pode aparecer para as pessoas porque as mataria com tanta luz e ausência
de mal. Você está aqui para isso: representá-lo. Faça isso direito;
• Não importa o quanto você negue, você é muito importante para quem te ama;
• Seja agradável e amável com todos, evite arrependimentos desnecessários;
• Viva intensamente. Interesse-se por tudo à sua volta;
• Cultive sonhos possíveis e colecione os impossíveis;
• Questione até obter resposta. Então pare;
• Ame cada detalhe de sua vida, contente-se por ser afortunado, ter família, saúde,
lucidez, amigos, alimento;
• Seja grato a Deus e aos outros pela oportunidade de participar da história da
humanidade;
• Dedique-se verdadeiramente a pelo menos uma causa;
• Busque a Deus, aceite sua vontade e creia em sua palavra;
• Tenha guardado em sua mente palavras de conforto para quando a culpa por algum
erro aparecer;
• Jamais abandone suas raízes;
• Encontre o amor verdadeiro nas pequenas coisas da vida;
• Jamais desative o alerta de consciência. Pode ser fatal;
• Você tem valor fixo para Deus. Seu valor é incalculável. Não permita que te convençam
do contrario.

segunda-feira, 14 de março de 2022

Choquinho de leve

 Hoje foi um dia de me olhar do avesso. 

Dia em que acordei com vontade de não sair da cama pra não deixar o ninho com minha filhotinha tão quentinha e linda dormindo e vi a mãe ausente que me tornei.

Dia em que preferi ficar na cadeira sozinha por causa de dores no corpo e cabeça do que me aconchegar no colo do meu querido e ver a velhice me possuindo.

Dia em que me aproximei do meu diretor para ser profissional e vi a subserviente em que me transformei.

Dia em que busquei um refrigério na doçura de uma amizade sincera e pude observar a imagem craquelada, turva e empoeirada de mim mesma nos olhos alheios.

O dia que eu não me preparei para receber...

Dia do dedo na tomada.


quinta-feira, 10 de março de 2022

Talvez (1R/2022)

 ... pois é. 

Talvez você jamais leia o que hoje escrevo, já  que não cultiva o hábito da leitura.  E se eventualmente  acabar lendo, também não  saberá  de quem se trata. Mas é  sobre você. Chamo essa anotação  inocente de "Drama do Egoísta Passivo". Sim, o egoísmo afeta mais as pessoas que convivem com o egoísta do que o próprio. Confesso estar neste momento com dificuldade de expressão pensando em desistir deste escrito por antever a cena dramática de vitimação que se instalará assim que você o ler, ainda que as chances de tal evento sejam remotas. Pois bem... estou realmente cansada desse jogo infantil que você vive, de tocar fogo no em mim e jogar o estopim na minha mão, me fazendo parecer louca. O D E I O isso. E odeio porque é desleal. Você sabe que foi você, sabe que eu jamais faria aquilo, mas além de fazer ainda faz parecer que fui eu, e consegue até testemunhas oculares, me expondo com comentários que parecem inocentes e cheios de dor emocional, forjando uma culpa em mim que não me pertence. Maldade. Usar as palavras de uma pessoa contra ela mesma sabendo que não procederam da forma como você colocou apenas pelo benefício da piedade social, deveria ser crime hediondo.

Hoje questiono se você é capaz mesmo de amar alguém além das suas dores tão queridas, que já me parecem provocadas por você mesmo de propósito, como faz comigo. Se faz comigo, pode ter feito isso uma vida toda.

Isso é doentio. É psicopatia. Sociopatia. Um tipo de violência camuflada, que coloca a vítima como culpado e o culpado como vítima.

E faz toda uma construção de cenas com fatos e artefatos que usará contra mim sempre que puder. E depois de me fazer parecer uma descontrolada, vai vir me mostrar todo o seu sofrimento por mim, todo esse amor que faz de tudo e vive por mim e para mim... vai me perdoar porque você é nobre e está acima de mágoas e rancores. Seu amor por mim a tudo perdoa. 

Entendi isso há 18 meses, quando você me jogou para dentro do abismo da morte, de onde eu não voltaria jamais. Morreria. Ao ver meu sofrimento na queda, minha dor de coração estraçalhado pelo pavor, você não pôde suportar que alguém tivesse mais piedade das pessoas do que você mesmo e me colocou como culpada pelo mal que você me causou, que inclusive, quase me leva a vida. E por esses olhos tristes, por ser você uma pessoa tão agradável socialmente, por ser o queridinho da empresa, o popular homem abandonado pela esposa, privado de conviver com os filhos que tanto ama, um ser resiliente, que venceu a adicção e é o mais trabalhador dos seres... jamais alguém ousará te culpar por nada. Nunca. Jamais.

Acredite, eu sempre soube disso tudo.

Sempre fui a pessoa utopista que realmente sonhou ser possível te fazer mudar o próprio rumo, já que é tão agradável, amável, gentil, doce, companheiro, confidente, amigo, compreensivo, viril, bem humorado, bom de casa, comida e roupa-lavada, fala tudo o que se quer ouvir... seria O marido que o universo quer. Mas, hoje, depois de ouvir pela enésima vez que você vive para me agradar e etc, me pus a buscar meus pés nas nuvens e recoloca-los no chão. Não, você não existe. O você que me apresentou é fruto da sua imaginação + sua ardilosidade + meu despreparo + minha empatia. Você de verdade nunca se apresentou. Mas devo te dizer que você tem um blefe poderoso. Arrasta a bancada toda a seu favor. A única coisa que você nunca conseguiu disfarçar foi essa inquietação, pertinente de quem não tem paz e sabe que nunca vai ter. 

Volto meus pés ao chão, sofro um pouco, quase morro, mas sigo pisando firme. Pois pés foram feitos para pisar no chão. Nuvens são apenas vapores. Qualquer vento leva.

Permaneço torcendo para que algum dia você destrua esse você horrível e decida viver a realidade desse você construído para atrair e agradar. Só não sei a que distância ficarei até que isso aconteça, já que os danos pela proximidade são irreparáveis. [Relato de livre demanda]

Este relato foi recebido para ser publicado anonimamente por alguém que está em situação  de violência emocional. 

Este blog se põe  à disposição de qualquer indivíduo para fins de desabafo sob o compromisso de privacidade total e anonimato. Não encaminho denúncias,  apenas publico o material que recebo.

Mas você pode e deve denunciar.

Ligue 181. Salve vidas. Salve você. 





segunda-feira, 7 de março de 2022

Fofos mortais...

Recentemente recebi uma informação  que me chocou: minha maior companheira de brincadeiras na primeira infância  é  uma formiga muito venenosa. Pensar nisso me fez pesquisar sobre outros perigos aparentemente inofensivos e até fofos. Então me deparei com esta obra de arte: o Felis nigripes, ou gato-bravo-de-patas-negras.
Que animal lindo, fofinho,  pra quem gosta  de felinos (como eu), há de concordar que é  um bichinho que você quer no cólo. 
Então vem a  parte que dói: é  o maior assassino que existe. Chega a matar uma presa a cada 50 minutos, segundo fontes. É  uma verdadeira máquina de matar.  Abate sem piedade e certeiramente quase tudo que se move ao seu redor. Tem um desempenho até  5 vezes maior que um leão,  que acerta apenas 12% de suas presas, perdendo para 60% do gatinho Felis  nigripes. Isso nos faz gratos por ter ele sua residência fixa na selva africana. Pobres dos vizinhos. 
Mas há  um dado confortador deste pequeno fofuxo mortal: ele mata tudo ao seu redor igual ou menor que seu tamanho. Para vencê-lo,  só  é  preciso ser maior que ele. Isso me leva a uma reflexão:
Na vida, somos atraídos  a "gatinhos" aparentemente fofos, mas mortais. Pessoas nos parecem de pelúcia,  mas são verdadeiras máquinas de destruição,  para isso disfarçam suas verdadeiras intenções  em boas falas e sorrisos superficiais, esperando apenas detectar o momento exato de atacar, eliminando chances de defesa ou luta. Parece um problema insolúvel  mas não é.  
Seja maior que ele. Seja maior. Apenas seja maior.




quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Receita da vovó

 Se o amor andar junto com a coerência, é possível que se obtenha longas séries de agradáveis momentos.

Se a coerência abraçar a lucidez e não desgrudar mais, talvez  seus bons momentos diminuam a intensidade, já que a coerência e a lucidez formam uma dupla mais objetiva e menos romântica, preferível aos olhos do 'homo non sapiens' (vulgo 'geração nutella ou geração mimimi'), que prefere o balet afetivo do Mr. Sigmund a sujar um pouco os pés na lama que estão acumulando com tanta superficialidade e comportamentos em massa, as ditas modinhas. 

Sinto em lhes comunicar o prognostico redundante: muitos buscando morte à sua maneira, como Shakespeare - herói da geração - por preguiça de  enfrentar seus respectivos pântanos, formados por lágrimas de birra por qualquer eletrônico que possa tirá-los da realidade; comportamento nomeado de adicção intensa, progressiva, incurável e fatal.

Quem nos dera não tivéssemos querido dar a eles o que não tivemos, pois foi exatamente o que nos forjou com metal e não de biscuit atóxico.

Lactose, glúten, diet, light, eram palavras escassas (confesso desconfiar de uma teoria da conspiração entre a industria alimentícia e farmacêutica), as frescurites agora tem afamados nomes de intolerância à/ ou hipersensibilidade aos componentes da fórmula. 

Saudade de jogar queimada descalça na rua de barro com a molecada que só ia chegando e entrando na brincadeira; colocar fogo no bombril a noite e guerrinhas de goiabinhas verdes ou mamonas.

Chilique antigamente era resolvido na cintada, chinelada ou varada mesmo. E sim, apanhamos muito, sem sermos espancados, mas o essencial, que é de fato invisível aos olhos, era nossa recompensa: nos tornou mais afetivos. E essa piedade pelos nossos bebês fizeram com que eles envelhecessem mais cedo que nós.

Afinal, confinamento voluntário, sedentarismo, alimentação, se existir - me négo a chamar fastfood de alimento - ( tudo transgênico á base de soja e glutamato monossódico), dependentes do dinheiro alheio porque não aprenderam sequer a trabalhar, a meu ver, chama-se prisão domiciliar voluntária. E a gente chamava tudo isso de caduquice e era de uso exclusivos dos idosos.

Erramos em trazer o peixe que eles nos viram pescar mas não puseram suas mãozinhas na lida. Agora eles exigem os pescados prontos para o deguste e temos a tarefa de não propagar uma próxima geração assim ou pior ainda. Mas, a pergunta perdida no vento é: como se faz gente de verdade? 

Perdemos a receita da vovó.

O leite já derramou e nos cabe apenas tentar equivaler o que restou do indivíduo humano.

terça-feira, 20 de julho de 2021

Egoismice

 O estranho do egoísmo, que já nem devia ser estranho, é que ele diminui tudo o que está fora do ser...

Amor, vira obcessão...

Cuidado vira chatisse...

Preocupação então, vira neurose...

A beleza incomoda,


O sucesso é provocação...

O encanto pelo afeto vira viscosidade...

Até a bondade é tida por interesse ou insanidade.

Por essas e outras é que afirmo ser o egoísmo não um 'mal', mas um desencadeador de muitos males. (ECL)

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