quinta-feira, 10 de março de 2022

Talvez (1R/2022)

 ... pois é. 

Talvez você jamais leia o que hoje escrevo, já  que não cultiva o hábito da leitura.  E se eventualmente  acabar lendo, também não  saberá  de quem se trata. Mas é  sobre você. Chamo essa anotação  inocente de "Drama do Egoísta Passivo". Sim, o egoísmo afeta mais as pessoas que convivem com o egoísta do que o próprio. Confesso estar neste momento com dificuldade de expressão pensando em desistir deste escrito por antever a cena dramática de vitimação que se instalará assim que você o ler, ainda que as chances de tal evento sejam remotas. Pois bem... estou realmente cansada desse jogo infantil que você vive, de tocar fogo no em mim e jogar o estopim na minha mão, me fazendo parecer louca. O D E I O isso. E odeio porque é desleal. Você sabe que foi você, sabe que eu jamais faria aquilo, mas além de fazer ainda faz parecer que fui eu, e consegue até testemunhas oculares, me expondo com comentários que parecem inocentes e cheios de dor emocional, forjando uma culpa em mim que não me pertence. Maldade. Usar as palavras de uma pessoa contra ela mesma sabendo que não procederam da forma como você colocou apenas pelo benefício da piedade social, deveria ser crime hediondo.

Hoje questiono se você é capaz mesmo de amar alguém além das suas dores tão queridas, que já me parecem provocadas por você mesmo de propósito, como faz comigo. Se faz comigo, pode ter feito isso uma vida toda.

Isso é doentio. É psicopatia. Sociopatia. Um tipo de violência camuflada, que coloca a vítima como culpado e o culpado como vítima.

E faz toda uma construção de cenas com fatos e artefatos que usará contra mim sempre que puder. E depois de me fazer parecer uma descontrolada, vai vir me mostrar todo o seu sofrimento por mim, todo esse amor que faz de tudo e vive por mim e para mim... vai me perdoar porque você é nobre e está acima de mágoas e rancores. Seu amor por mim a tudo perdoa. 

Entendi isso há 18 meses, quando você me jogou para dentro do abismo da morte, de onde eu não voltaria jamais. Morreria. Ao ver meu sofrimento na queda, minha dor de coração estraçalhado pelo pavor, você não pôde suportar que alguém tivesse mais piedade das pessoas do que você mesmo e me colocou como culpada pelo mal que você me causou, que inclusive, quase me leva a vida. E por esses olhos tristes, por ser você uma pessoa tão agradável socialmente, por ser o queridinho da empresa, o popular homem abandonado pela esposa, privado de conviver com os filhos que tanto ama, um ser resiliente, que venceu a adicção e é o mais trabalhador dos seres... jamais alguém ousará te culpar por nada. Nunca. Jamais.

Acredite, eu sempre soube disso tudo.

Sempre fui a pessoa utopista que realmente sonhou ser possível te fazer mudar o próprio rumo, já que é tão agradável, amável, gentil, doce, companheiro, confidente, amigo, compreensivo, viril, bem humorado, bom de casa, comida e roupa-lavada, fala tudo o que se quer ouvir... seria O marido que o universo quer. Mas, hoje, depois de ouvir pela enésima vez que você vive para me agradar e etc, me pus a buscar meus pés nas nuvens e recoloca-los no chão. Não, você não existe. O você que me apresentou é fruto da sua imaginação + sua ardilosidade + meu despreparo + minha empatia. Você de verdade nunca se apresentou. Mas devo te dizer que você tem um blefe poderoso. Arrasta a bancada toda a seu favor. A única coisa que você nunca conseguiu disfarçar foi essa inquietação, pertinente de quem não tem paz e sabe que nunca vai ter. 

Volto meus pés ao chão, sofro um pouco, quase morro, mas sigo pisando firme. Pois pés foram feitos para pisar no chão. Nuvens são apenas vapores. Qualquer vento leva.

Permaneço torcendo para que algum dia você destrua esse você horrível e decida viver a realidade desse você construído para atrair e agradar. Só não sei a que distância ficarei até que isso aconteça, já que os danos pela proximidade são irreparáveis. [Relato de livre demanda]

Este relato foi recebido para ser publicado anonimamente por alguém que está em situação  de violência emocional. 

Este blog se põe  à disposição de qualquer indivíduo para fins de desabafo sob o compromisso de privacidade total e anonimato. Não encaminho denúncias,  apenas publico o material que recebo.

Mas você pode e deve denunciar.

Ligue 181. Salve vidas. Salve você. 





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