domingo, 23 de abril de 2023

Oásis

 Fui abordada recentemente com a fala: "Não converso com você porque só me faz mal. Tudo o que envolve a sua pessoa me traz sentimentos ruins, não há motivo bom para eu me aproximar de qualquer coisa que me lembre você."

Isso me fez pensar muito em quem tenho sido para as pessoas com quem cruzo ao longo da vida. Por mais que me esforce para fazer o que é certo, ser uma boa pessoa, transmitir amor divino ao semelhante, obviamente neste caso falhei terrivelmente. 

Não há o que justificar. Ainda que a pessoa dona de tal discurso seja um exemplo de mal caráter e índole podre inquestionáveis, e que o contexto da conversa não fosse o relacionamento que não temos; o que fica é a taxa de ser uma marca ruim com sabor amargo para alguém.

Aprendi que não devo falar de mim na terceira pessoa, ou usar o 'nós' em situações exclusivas a mim.

Mas tendenciosamente retruco que a humanidade é falha em relacionar-se. Acabamos por usar os fins pra justificar os meios. A pessoa que proferiu as palavras amargas não vai ter de mim nada mais do que já tem, aliás, agora ainda menos. 

Mas confesso estar incomodada com essa versão de mim. A despeito de ser um ser despresível, eu não desejo ser essa figura para ninguém. Me incomoda a minha imagem. Sou responsável pelo que eu transmito. Embora talvez não seja bem assim, pois cada um tem de mim aquilo que cultiva, parafraseando Chaplin.

Só quero me certificar de ser verdadeira, sólida e consistente, nesse mundão de Deus, onde quase sempre, o que se vê é apenas miragem. 

Quero ser oásis. 

E. C. L.



sexta-feira, 21 de abril de 2023

Repúdio

 Aqui com meus botões, pensando na superficialidade da raça humana na atualidade... Como as pessoas estão fingidas, caricatas, rasas. Cogitei a princípio ser o medo das desilusões próprias de relacionamentos o motivador para tamanha indiferença e antipatia. Mas desconsiderei. Noto que a covardia é um agente desencadeante. Sim, covardia. Uma preguiça de fazer o que é certo apenas por ser o certo a fazer, se instalou com sucesso e lança a tendência ludibriante do individualismo exacerbado, onde a própria vontade é a única lei. 

Diante do colapso sentimental que enfrentamos nesta geração vacinal, o caos previsto vem acompanhado de ódio, intolerância, descaso, dissimulação, frieza e o que mais desprezível houver para ser adicionado ao bolo. 

Registre-se minha indignação e repúdio a todo esse desamor travestido.

Aos que restamos com sentimentos puros e verdadeiros, nos resta cultivar nossas sementes, já que lança-las hoje é um grande desperdício.

Quiçá haverá ainda corações férteis, ávidos por nossas mudinhas. 

E. C. L.



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