quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Almas

Como num limbo vivi todos esses anos
Sem saber ao menos que faltava uma peça
Completar esse quebra-cabeça barato
De personalidade, sentimento, destino.
Passatempo ingrato
Mas no fundo minha alma já sabia
Antes de tua passagem, te previa, te esperava.
Quando elas se cruzaram, a tua alma e a minha,
A indiferença das circunstâncias cegou a minha
Deixando a tua sob vigilância, sentinelando, à espreita.
Mas o tempo que nunca gostou de brincar
Encarregou-se de nos desencontrar
E por muitos anos minha alma, que sentiu a tua, mesmo que cegamente,
Buscou-te de todas as formas
Com uma saudade inexplicável
Um carinho talvez saliente
Uma fresta de 'quem dera'
De repente ao acordar desse sonho intenso e atrevido
Percebo explicitamente que minha alma saltitante
Feliz da vida grita exultante em minhas entranhas efervescentes
"Finalmente nos encontramos"... 
E me derreto em devaneios nada inocentes
E suposições apetitosas e desajustadas
Teria o destino um vácuo?
Ou o cosmos errado o caminho?
Sim, minha alma já sabia.
Aguardava ansiosa e calada pelo fim da injusta espera
Atou-me a ti num sonho de uma noite inteira
Trazendo-me à luz entregou-me a tal peça
Acabou-se o mistério, a figura se revela.
E surpresa me dou conta:
Agora faz todo o sentido
Tu és meu e eu sou tua
Em sonhos nos pertencemos
E provavelmente este foi nosso único encontro
Apenas para me imprimir na lembrança
Teu sussurro ao meu ouvido
“Você me ama! Eu sempre soube!”
Nem a frieza da realidade ao acordar 
Levará de mim essa dádiva reveladora...

As almas sempre sabem.

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